sábado, 3 de janeiro de 2009

Que canal é esse?

Já há algum tempo a pergunta acima me persegue e a tenho feito constantemente. Nas notícias os contrapontos e argumentos quase inexistem. As informações parecem pasteurizadas, iguais. Se não fosse a diagramação, pensaríamos que é o mesmo jornal. Se não fossem os âncoras, poderíamos pensar que há um único canal de televisão. Acredito que a disputa pelo controle remoto em casa, nem deve mais existir...
Mas nos últimos meses me incomodo um pouco mais e a pergunta surge insistente, sem resposta: que canal é esse? Não quero tomar conhecimento somente desse mundo bruto que virou notícia principal, o mundo tem outros aspectos. Porém, acabo lendo sobre fatos crueis mesmo sem querer, pois estão publicados ao lado da matéria que quero ler (na verdade chega quase roubar o espaço dela)... Não preciso saber do crime do crime... não quero ver imagens que possam me perseguir pelo dia; não quero ver fatos que me façam virar paranóica e ligar a todo instante para saber dos filhos e verificar mais dez vezes se a porta de casa está trancada...
Antigamente se quiséssemos saber de desgraças, de crimes, comprávamos esse ou aquele jornal, ligávamos nesse ou naquele canal.
Antes tínhamos a opção de trocar o canal, mas e hoje? Velhos, crianças, jovens, empreendedores, são bombardeados todos os dias, a qualquer hora, por manchetes repetitivas de assassinatos e crimes hediondos.
Melhor, então, por segurança, seria não sair mais de casa e assistir à TV. Mas que canal?

9 comentários:

Rosângela Angonese disse...

Sula, você está lendo pensamentos dos seus amigos? Essa pergunta nos fazemos todos os dias em que assistimos os tais canais de destaque no nosso país. Até a TV paga oferece as mesmas notícias que podemos ver sem pagar por isso. E os filmes então? São aqueles que todos já viram. E os programas de amenidades e futilidades, bota futilidade nisso!! Penso que existe uma campanha para que os pobres mortais sintam-se feios, gordos, mal-vestidos, mal-amados etc e tal. (Afinal, essas palavras levam hifem ou não?)

Unknown disse...

Então, Ro, não é mesmo?! mas somos nós, reles cidadãos, ou melhor ainda, consumidores, que temos que questionar isso pra poder mudar! No fim do ano ministrei um curso pra 30 jornalistas e falamos sobre nosso papel como comunicadores e a necessiddade de começar a questionar as pautas. Vc viu jornal no primeiro dia do ano? cruiz credus......só desgraça! e as matérias de praia? as mesmas coisas...me lembro de 30 anos atrás, quando trabalhava em redação...sempre era a mesma pauta, nem precisávamos ir nos lugares pra entrevistar, se a gente não quisesse, era só mudar a data! Tem que mudar isso. Talvez fazer noticia sobre movimento nas praias, mas noticiar de outra forma. Buscar outros ângulos dos fatos e não a mesma coisa. Sabe aquela coisa de música que toca em rádio? parece que tem somente aquela no cd...a mesma coisa com a notícia. Tanta coisa acontecendo na praia e fica aquele mesmo pastel...bj

Bebel ritzmann disse...

Oi Sulamita! Tudo bem?
Que venham boas notícias... Pois das más, todos já estão sabendo.
Percebo a mídia segmentada a melhor saída. Assim como a busca pela boa informação.
O povo ou a massa geram apenas audiência e não classificam as informações como qualitativas e sim como puro consumo. A informação e a notícia, assim como a educação, no Brasil viraram consumismo, somos clientes de “algumas” idéias marqueteiras. VENDA.
Pra eles que interessa é a quantidade e não a qualidade.
Acesso, acesso.... Audiência... Ibope...
Sensacionalismos, sangue, dor, tragédia.
Fome, fome, fome, fome...
Que dor de barriga!
Vamos colocar esta massificação na privada.
Melhor ler, conectar-se aos bloggers, ver e sentir os pensamentos individuais.
Quem sabe nossos pauteiros comecem a navegar por alguns sites e bloggers e Plim! Belas matérias virão.
Beijos
Bebel

Anônimo disse...

Sulamita, entrei no seu blog ainda em 2008... e pensei que você teria o mesmo pique que eu, ou seja, que atualizaria o negócio mensalmente e olhe lá. Mas que surpresa agradável saber que vou encontrar seus pensamentos por aqui sempre fresquinhos.

Li agora o negócio sobre os jornais e canais de tv. Por coincidência, liguei hoje para Net pedindo para ampliar nosso pacote de canais. Meu principal interesse eram dois canais de esporte. Confesso: hoje o que mais procuro são notícias sobre futebol e isto me assusta. Porque de duas uma: ou eu me tornei um completo
alienado viciado no "ópio do povo" ou não existem mais notícias que valem a pena. Meu pai, por sua vez, só assiste National Geographic. Também acho que é mais nteressante observar a selva dos outros animais.

Beijos.

Unknown disse...

Oi Bebel,
gostei muito do que escreveu! e o mais doido é que nessa correria da busca de números, que não refletem nada se isolado, esquecem de perguntar o que os consumidores querem! e vejo pela reação das pessoas que eles estão fartos de más notícias!
e essa mudança não deve ocorrer somente com os jornalistas, mas também com nossos empresários que exigem de seus assessores estar nesse ou naquele veículo (e muitos já deviam estar no lixo há muito tempo...infelizmente).
concordo com você que a mídia segmentada é o canal! mas acho que uma não substitui a outra ou não deveria substituir...só é preciso que a mídia de massa perceba que precisa mudar seus moldes. Como está, está chato, uma mesmice. Os modelos de telejornais congelaram...a câmera na mesma posição, o âncora que pouco comenta. Com isso os programas de debates e entrevistas estão ganhando espaço e isso é bom pra gente!
E realmente: se nossos coleguinhas pauteiros visitassem alguns blogs não precisariam ler o jornal do concorrente pra ter pautas! quem sabe a gente até acordava com vontade real de ler mais de um jornal pela manhã, porque uma capa seria radicalmente diferente da outra!!
beijo. Bom ano!

Unknown disse...

Oi Rodrigo, pelo horário, estávamos escrevendo juntos! espero continuar inventando histórias aqui no blog, que não seja um brinquedinho novo - rs!!!
Quando vc fala do futebol ou mesmo do National, é o que falamos acima, sobre a mídia segmentada. Cada vez mais estaremos selecionando o que ver,ouvir ou ler. Mas meu receio é que a mídia de massa não se mexa e não se modifique...é como médico especialista, o correto seria irmos primeiro num clínico geral, ele que deveria nos orientar sobre o todo...e vamos direto num especialista sem saber se é o caso! Ou seja um não deveria e não deve invalidar o outro. Penso que na imprensa também deveria ser assim.
bjs. Até!

Anônimo disse...

Olá Sulamita! Não vou me prender a repetir os comentários dos outros colegas, isso seria usar os argumentos de muitos jornalistas, que se pautam pelos mesmos assuntos. A falta de ousadia de quem faz a notícia infelizmente ainda prevalece. Para eles o receptor da mensagem é um completo idiota, que absorve por completo tudo o que é transmitido. Parece que o objetivo mesmo não é informar, mas formar cidadãos alienados, manipuláveis, trenados à acreditar em tudo o que é veiculado pela mídia, conforme a vontade dos donos dos meios, ou de políticos que patrocinam estes meios.
Neste 2009 que a notícia seja para informar e não moeda de troca para fins corruptos.

mara cicivizzo disse...

Querida Sulamita!
O sucesso e ibope das tragedias sociais e mundiais e algo que ja perdeu o limite do aceitavel.
Ainda mais assustador e quando voce ve uma reportagem de cantores de RP que ficaram famosos com todas as desgracas de sua vidas que foram colocadas em suas musicas.Desgracas essas que nao passaram de mentiras usadas para chegarem a fama com sucesso.
Ao serem questionados sobre essas mentiras eles alegam que esse e o meio para se atingir o publico jovem que busca pelo envolvimento com crimes,drogas e inadaptacao social um dia terem dinheiro e fama.
Me assusta saber que um dia essas noticias ruins nao estaram mais do lado das noticias interessantes que queremos ler mas sim inseridas no proprio texto.

Unknown disse...

oi minha querida amiga!! pois então...é justamente essa "coisa" que não deve acontecer...não podemos mais ser vítimas..não somos mais inocentes. Se você, como empresária, não anunciar e não assinar veículos que priorizem a violência e se nós, comunicadores, não planejarmos apoio a esses veículos, começamos a mudar essa realidade! esse é nosso poder e poder inteligente! Não sei se vc chegou a conhecer, mas aqui no Brasil tinha um programa que priorizava violência e baixarias do cotidiano -
Ratinho era o nome -, tanto a emissora quanto os empresários boicotaram, não anunciavam...ele saiu do ar. Tudo bem que depois eles compraram uma emissora aqui em Curitiba, mas a gente não vê ele reproduzindo o programa que antes fazia...pelo menos por enquanto, mas talvez nem venha a fazer, porque agora, como empresário, já deve perceber o quanto de investimento pode perder se ficar na baixaria.
Não dá mais só pra falar. Já temos o poder de decisão e a inteligência do planejamento pra mudar essa realidade! os marketeiros e os publicitários inteligentes não planejam mais só pelo número de audiência. Eles querem e devem saber quem é esse público e se ele interessa pra usar ou comprar sua marca!
É o poder da troca de canal e de não comprar tal jornal pra não dar ibope e, como já foi comentado aqui pela Bebel, jornalista e empresária respeitada, é a hora da mídia segmentada...
Um beijão!!! fiquei imensamente feliz com seu comentário! agora meu blog é internacional - hehehe. Bj da amiga que tem muitas saudades!!