domingo, 13 de setembro de 2009

Comunicação Interna é mais do que comunicar

Hoje quando estava servindo o almoço de domingo, me lembrei de quanto tempo eu demorei pra diminuir o tamanho de nossas travessas. Explico melhor: minha família é grande, 5 irmãos, pai, mãe, noras, genro, netos e volta e meia mais alguém pra almoçar ou jantar. Acostumamos com mesa cheia e travessas enormes. Demorei anos pra perceber que o tamanho era inadequado pra minha família, depois que saí da casa de meus pais: uma família de 3 crianças e um adulto.
Uma coisa tão óbvia, mas durante muito tempo eu servi meia travessa de arroz, meia de feijão e assim por diante, até diminuir os tamanhos. Como a gente se acostuma com as situações e hábitos e nem questiona sobre eles... É assim também no meio corporativo. Quantos hábitos a gente simplesmente repete por anos e anos, sem repensar seus resultados? Em quantos lugares vamos trabalhar e nem bem chegamos alguém vem nos avisar que fulano é daquele jeito, cicrano deste e a gente vai repetindo comportamentos, muitas vezes inadequados e segregadores?
(um aparte que ilustra esta situação de repetição: certa vez, num trabalho de descarte, junto a uma grande construtora, foi perguntado o que tinha dentro de um armário grande e bonito, na sala de reuniões. Os dois diretores se olharam...acreditem se quiser, mas ele estava fechado há bem uns 10 anos porque um pensava que o outro estava guardando alguma coisa lá dentro...quando abriram, tinham papéis sulfites e documentos sem nenhum valor...um espaço morto, conservado pela falta de comunicação e costume, porque nesse tempo todo foram mudadas as secretárias...)
Este é um dos grandes papéis de quem trabalha com comunicação interna. Questionar o que está sendo feito, porque está sendo feito e para que, qual a finalidade. Temos que sair dos moldes repetitivos, primeiro porque não somos máquinas e segundo porque nosso papel de comunicadores é procurar não somente ferramentas e estratégias para falar de algo, mas para mudar comportamentos e buscar adesões e mesmo questionamentos sobre as propostas da empresa.
Senti vontade de escrever isto porque acho necessário que nós profissionais de comunicação entendamos esta situação. É preciso perceber a responsabilidade do que propõe.
Me lembro que falava pro pessoal que trabalhava comigo (e está em meu livro, que devo terminar...um dia...rs), mas falava pro pessoal que o bolo poderia estar lindo, retinho, bem decorado, num prato lindo, mas...se a gente tivesse esquecido o açúcar...não adiantava nada. E tem profissionais que entregam o material como se aquela fosse a meta, sem compromisso do que foi feito.
Uma situação de comprometimento - agora na assessoria de comunicação - que me recordo, é de uma vez em que estávamos fazendo um grande evento e pedi pra assessoria sensibilizar a imprensa pra vir fazer a cobertura. Na correria não vi o que tinha sido enviado...me lembro até hoje que quando vi, fiquei assustada e decepcionada. Não acredito assim, assim, que foi por falta de saber fazer, mas creio que foi atitude mesmo, do tipo “foi feito”.
Me lembro que quando Cláudia Romariz, uma excelente jornalista que era de minha equipe, viu, nos olhamos assustadas e ela rapidamente - sem a gente nem ter se falado - foi ao computador e começou a consertar a cacaca...ou seja, colocou o açúcar correndo e salvou a sobremesa. Num feedback no final do evento, o assessor que tinha feito a cacaca, me respondeu praticamente que, oras....tinha feito o bolo como eu havia solicitado...tá, meu, mas dá pra comer? Humpf!

4 comentários:

Rosângela Angonese disse...

Oi Sulamita, vc vai direto ao ponto. Sabe que nunca tinha me atentado que comunicaçao interna também era questionar sobre o que vai dentro dos armários. Olha que lembrei do meu, quem tá lá cheinho... beijos

Unknown disse...

na verdade, minha amiga, é provocar o questionamento sobre a zona de conforto, porque aí é que mora o perigo...náo é o que vc guarda no armário ou debaixo do tapete...é o porque vocë guarda e se é preciso realmente guardar! beijos

Danielle disse...

Oi Sulamita!
Aqui é a Dani que trabalho na YUP e Segmento com você. Sempre leio seus textos e adoro, mas percebi que nunca comento. Mas este foi direto ao ponto, esses dias mesmo tava pensando no tamanho das travessas depois que minha mãe se divorciou...até as panelas diminuíram. Tem muito sentido.
Aproveito pra te mandar um grande beijo. Sempre te acompanho viu?

Unknown disse...

Dani!!! que surpresa boa!
repensar a vida, minha amiga....nada de "todo dia ela faz tudo sempre igual"... bjs