quinta-feira, 12 de fevereiro de 2009

Cirurgia plástica de umbigo

Já ouviu falar na expressão “aquela pessoa fala com as paredes”? Então, já deve ter ouvido também a que diz que as paredes têm ouvidos. Pois acho que essas duas frases fazem uma bela parceria. “Mas não tem boca”, já se manifestaria rapidamente aquele sujeito que fica esperando as brechas pra torrar as paciências.
O que quero dizer é que o diálogo é um exercício difícil pra caramba. Pressupõe-se antes de tudo o querer!
Pois vai ano, vem ano, um dos maiores problemas dentro das organizações ainda é o diálogo, a comunicação.
As tecnologias atuais, internet, intranet,enfim, as midias digitais facilitaram o acesso à informação. Mas são tantas as informações que as empresas precisam encontrar formas de interpretá-las, transformando-as verdadeiramente em comunicação.
“Comunicação não é o que se diz, é o que o outro compreende”. Quem já participou de minhas aulas ou palestras sabem o quanto bato nessa tecla. Parece simples, mas em qualquer âmbito, seja pessoal ou profissional, existem pessoas que não compreendem essa premissa. É um pai que fala em pé com seu filho pequeno e com aquela voz nada amigável, por exemplo. Pense na leitura corporal. A pobre criança fica com a cabeça totalmente erguida pra enxergar o pai, só isso, já causou uma barreira. Se abaixe, ó anta, e converse na mesma altura com seu filho! – viram a sutileza que não falei das mães? Mãe é mãe e ponto final – rs
É aquele empresário que vai explicar algo pros colaboradores e não percebe que está usando termos técnicos ou científicos, ininteligíveis para eles (ininteligíveis...um exemplo clássico do que estou escrevendo agora). Pior é quando ele quer mesmo que não entendam, pelo simples fato de parecer inteligente. Inteligente é justamente aquele que faz a adequação de sua linguagem pra ser entendido por todos. É o adulto que tem que falar com a criança da forma que ela compreenda. É o intelectual que tem que traduzir sua fala de acordo com seus ouvintes.
Sabiam que essa história de falar difícil é coisa do período colonial do Brasil? Pois é sim. Os filhos dos nobres daquela época iam estudar na Europa. O que estudavam? Direito, principalmente(e os advogados que me perdoem, mas é complicado pra caramba seu advocacês, pior que o de vocês, só o economês, que hoje já tem os tradutores, que é o jornalês – e muitos falam como indiês...mas deixa eu parês senão vou apanhês de meus amigês...) Mas voltando a vaca fria? pois os pobres coitados que ficavam pelas bandas de cá não queriam ser rejeitados e imitavam os filhos dos nobres e falar difícil virou sinônimo de inteligência, erudição e uma pessoa bem sucedida. Veja que ainda tem muitos políticos que utilizam tal artimanha...mas outros mais inteligentes perceberam que é preciso falar com a pessoa e não para a pessoa.
Ah sim, e o metido lá do primeiro parágrafo, que falou da "boca", é outro exemplo de ruído de comunicação: na hora que deveria estar ouvindo pra compreender e interagir positivamente estava pensando em como cutucar. Não é isso que a gente vê nas empresas? Pessoas armadas pra mostrarem serviço?...infelizmente muitos passando por cima dos outros! Hora inadequada, falta de percepção do ambiente, palavrão ou excesso de gírias, tudo isso são motivos pra bloquear uma comunicação dentro de uma empresa e mesmo fora dela.
Há anos venho dizendo que pra resolver esses problemas é só ampliar os planos médicos e incluir cirurgia plástica de umbigo pra muita gente!

8 comentários:

Anônimo disse...

Eita prazer de ler. Pra começar, duas expressóes para se guardar: a primeira é “Comunicação não é o que se diz, é o que o outro compreende”. E a outra: "cirurgia plástica de umbigo pra muita gente". E não é que ia fazer bem mesmo! Cirurgia plástica ou, quem sabe, tirar a viseira para que aprendessem a olhar o mundo ao invés de só o umbigo. O que me remete a outra maravilha, essa do professor Rubem Alves, que também admiro. Ele diz: há cursos de oratória demais. E de escutatória de menos". Que diferença faz saber ouvir! Grato por escrever. Abração, José Oliva.

Anônimo disse...

Excelente post... meu preferido até agora...

beijo mãe

Anônimo disse...

a cutuca é o mais clássico das empresas, principalmente as mais jovens. todo mundo querendo sair por cima e a mensagem, que é bom pra tosse, ninguém entendeu.

cirurgia de umbigo e de orelha (pra abrir, pra ver se entra alguma coisa)!

Anônimo disse...

Muito bom o post Sulamita!

Beijos

Andréa Queirolo disse...

Adorei! Essa é a Sulamita que eu conheço! Imaginei que um dia você escreveria sobra a "plástica no umbigo"!

EDGARD CESAR MELECH disse...

Sulamita,

Obrigado por lembrar
Que aquele mesmo indivíduo
Que precisa plástica no umbigo
É o mesmo que um dia, fingido
Se faz passar por boa gente
E ainda até mesmo por amigo!

Edgard

EDGARD CESAR MELECH disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Unknown disse...

Já estou curiosa para o próximo post!